AEE

AEE
A Sala de Recursos Multifuncionais do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA Ana Vieira Pinheiro é um espaço onde o AEE- Atendimento Educacional Especializado acontece considerando as necessidades específicas do aluno para complementar e/ou suplementar a sua formação, identificando, elaborando e organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que favorecem a inclusão e eliminam as barreiras para a plena participação dos alunos com deficiência, fortalecendo sua autonomia na escola e fora dela.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Entendendo o autismo (legendado em português)


Dedilhando Letras


Em mil oitocentos e nove
No dia quatro de janeiro
Lá no interior da França,
Nasceu o grande guerreiro
Chamado Louis Braille
O filho de um seleiro
 
Ele perdeu a visão
Com cinco anos de idade
Iniciou os estudos
Na sua localidade
E pra entender as coisas,
Tinha muita facilidade
 
Louis com dez anos
Saiu da sua região
Foi morar em Paris
Pra melhorar a educação,
Numa escola pra alunos
Que não tinham a visão
 
Neste novo ambiente
Havia muito o que aprender
Pois lá tinha uma maneira
De ensinar o cego a ler
Era o que Louis buscava:
Evoluir, interagir, crescer
 
Nesta escola especial
Louis veio a conhecer
Letras feitas em relevo
Com a mão dava pra ler
Mas havia dificuldade
Na hora de escrever
 
E surgiu um militar
Que olhava pro futuro
Com um código engraçado
Que usava no escuro
Pra dar ordens aos soldados
Sem fazer nenhum barulho
 
Essa grande novidade
Trazida pela visita
Encantou nosso Louis
Um garoto idealista
Que desejava resolver
O problema da escrita
  
Inspirado por esse código
Usando a imaginação
Louis fez muita pesquisa,
Bastante experimentação
E aos quinze anos de idade,
Apresentou sua invenção
 
Um sistema de escrita
Para o cego tatear
Com seis pontos em relevo
Na forma retangular
Em três linhas e duas colunas
Para os símbolos, formar
 
Um sistema completo
De fácil compreensão
Fruto de muito trabalho
Suor e dedicação
A ser usado na França
Ou qualquer outra nação
 
E tudo ficou fácil
Com o método elegante
Criado por nosso Louis
Um jovem perseverante
Que conseguiu conceber
Algo tão edificante
 
Em mil oitocentos e vinte e cinco
Aconteceu a revolução:
Nasceu o sistema braile,
A leitura com a mão
E os cegos melhoraram
O acesso à educação
 
Assim os cegos puderam
Escrever letra e numeral
Texto científico e literário
Também nota musical
Filosofia e tecnologia,
Inclusive, peça teatral
 
Passado o seu bicentenário
Movido por grande emoção
O mundo agradece ao Louis
Pela divina criação
Que permitiu aos cegos
Acessibilidade e inclusão
 
 
Hélio de Araújo – professor, cadeirante, ativista na defesa dos direitos das pessoas com deficiência – Petrolina-PE. heliodearaujo@yahoo.com.br.

AZUL

Na impossibilidade de prestar homenagens azuis aos autistas no dia 02 de abril no blog, faço-a agora com o texto do Dr. Jorge Mário.

 

AUTISMO – TODOS PODEMOS SER/NOS TORNAR UM POUCO AZUIS?


Imagem publicada –  uma rosa azul, apenas uma rosa, considerada diferente, única, singular e "artificial",  que não é como todas as outras rosas, apenas diferenciada pela sua cor, com um fundo verde das plantas consideradas "normais", porém que também poderão um dia  se tornarem azuis... Uma rosa como a da minha Parábola da Rosa AZUL, imersa e escondida dentro de um outro mar de rosas... vermelhas, que chamamos: a Vida.

O FIO VERMELHO QUE PODE  SE TRANSFORMAR EM AZUL
"O mito diz que os deuses prendem um fio vermelho no tornozelo de cada um de nós e o conectam a todas as pessoas cujas vidas estamos destinados a tocar. Esse fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir."

O texto acima é parte de uma lenda chinesa Segundo essa lenda, que versa sobre o Destino, somos todos conectados por um fio vermelho, amarrado ao tornozelo, àquela pessoa a qual estamos destinados: nossa “alma gêmea” ou “par ideal”.

E, para as pessoas com diferenças notáveis tenho a certeza de que necessitamos do Outro, também diferente e diverso, que o/nos re-conheça e a ele se conecte afetiva e afetuosamente. Há, a partir dessa visão da lenda, acontecimentos que não podemos pré-determinar, porém há acontecimentos que nos pré-determinam.

Estava pensando e refletindo sobre o que escrever. Então, aparece, há alguns dias atrás, em um programa da TV o Kiefer Sutherland.  A sua presença me chama a atenção para o programa de Jonathan Ross Show. Porém os poucos minutos da entrevista que vejo me levam ao tema que pensava. Ele fala da série que aborda o Autismo: TOUCH.

Touch é uma série televisiva que foi apresentada na Fox. É a história de um menino autista e seu pai (Kiefer Sutherland).  A série foi apresentada no ano passado. O menino, em seu autismo, tem a capacidade de ver o passado e prever o futuro, porém como autista não consegue usar nossas formas de comunicação.

Na trama desse seriado está o fio vermelho. No centro da cena está Martin Bohm (Kiefer Sutherland), viúvo e pai solteiro, martirizado pela impossibilidade de se comunicar com Jake (David Mazouz), seu filho autista, de onze anos.

Ele precisa de números para se expressar. Precisa de uma matemática única e singular. Na história criada o pai muda seu comportamento quando descobre que Jake possui um incrível e especial dom para ver coisas e padrões que ninguém mais consegue.

Nas nossas vidas, no mundo real muitas vezes esta estória virou história...

 Foi aí que o filme sobre Temple Grandin me retorna com sua forma de construção do pensamento através de imagens, assim como as incompreensões que teve de vencer. Há muito cinema e muitos filmes ou documentários sobre os autismos...

Como ela que é uma singular história real, o ficcional menino Jake nos diz da importância de deixar-se tocar muito mais do que achar que devemos tocá-los. Uma máquina do abraço como a de Grandin, pode vir a ser mais confortável do que uma aproximação física forçada por nós.

Ao buscar essa série encontrei o meu fio da meada. O fio azul que me ligou longo tempo à questão e experiência do autismo. É preciso ser tocado, ser afetado pelo mundo diferente de uma pessoa com autismo. E o meu tornozelo, primeiro médico e depois humanizado foi sendo amarrado às interrogações sobre o que chamo, no plural, de nossos autismos.

As interrogações se misturam às minhas vivências, que já escrevi sobre elas em tempos remotos de minha prática clínica. Há, porém, interrogações que nascem de novos conhecimentos e novos conceitos. Já disse que precisamos dos novos paradigmas para quebrar e romper com nossos pré-conceitos que se enraízam.

O DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO é hoje uma data consagrada. Hora de pintar o mundo e nossas ideias e, principalmente, nossas ações de AZUL.

 É uma boa oportunidade para desmitificar os milhares de preconceitos que foram construídos sobre quem vive com este transtorno, ou melhor, essa “neurodiversidade” afetivo-comportamental.

Sim, a compreensão do novo conceito de Diversidade junto com a necessidade do respeito às singularidades e diferenças é que, hoje, pode nos ajudar a desestigmatizar todos os comportamentos e “doenças” ligados ou decorrentes das noções, políticas e científicas, de “cérebro” e “mente”.

As neurociências vêm ganhando terreno na construção de um novo determinismo: o cerebral. E, a partir, deste estão surgindo as resistências a ver em um sujeito com autismo apenas uma condição neurobiológicamente determinada.

Os próprios autistas de alto desempenho, chamados “aspies” vêm, desde 1999,afirmando que todos os cérebros, independentemente de suas limitações, são belos. Para eles não há somente cérebros “normais”.

Ficam muito próximos do que reivindicaram as pessoas com deficiência com os Estudos Culturais sobre as Deficiências  com a criação do chamado modelo social há muitos antes. Vejam aí a construção da semente do chamado “orgulho autista”.

Os que defendem essa posição desestigmatizadora, que rompe com a modelização biomédica e neurológica, dizem que as neurodiversidades, nas quais se incluiriam os autismos, constituem formas diferenciadas de cada sujeito de revelação de suas capacidades, incapacidades e funcionalidades, principalmente as cognitivas.

Estes defensores se esforçariam para que possamos “re-conceituar” os autismos, saindo da noção já consagrada dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e do espectro autista. Eles têm um movimento mundial que tem por principais objetivos:

  1  - Reconhecer que as pessoas com neurodiversidade não são “doentes”,  portanto não necessitam de uma “cura”;

   2  -  Portanto, as terminologias médicas e nomenclaturas de “distúrbio, transtorno e/ou doença”, principalmente com a ideia comum de  gravidade e isolamento total, devam ser modificadas;

   3 Com essa ruptura dos termos e conceitos afirmarem, como já foi feito pelas pessoas com deficiência, o direito ao reconhecimento de novos tipos de autonomia, o direito à Vida independente;

   4  - Apoiados nessa mudança de paradigmas, já incluída em novos marcos legais como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas Com Deficiências, passarem ativamente a participar do controle, com apoio dos familiares e da sociedade, das formas de tratamento a que querem e devem ser submetidos, inclusive qual será a sua duração.

Hoje temos a notícia de uma primeira iniciativa internacional de afirmação dessas neurodiversidades apoiadas na/pela Convenção. Um jovem com Asperger no México reivindica o seu direito a não ser tutelado e questionou junto á Suprema Corte a constitucionalidade da lei que o considera um incapaz. Ele não quer, como muitos outros Ricardos ou Marias, para além do México, serem mantidos e considerados como “menores de idade”, portanto tuteláveis.

Então, utilizando esse conceito de “neurodiversidade” é que interrogo no título deste texto homenagem sobre a possibilidade de todos nós também estarmos tão AZUIS como aqueles que pretendemos diagnosticar, tratar ou limitar como autistas.

Há em todos nós também o “fio azul” que nos aproxima de nossas próprias formas de isolamento, incomunicabilidade, dissociação da chamada realidade, e, em seu extremo, de nossas próprias e singulares “loucuras”.

Há quem se utiliza dessa afirmação para falar de um novo movimento anti-psiquiátrico nos subterrâneos dos que defendem as neurodiversidades. Há, porém, que datar e contextualizar essa tentativa de um outro olhar, uma outra escuta sensível e um outro modo de se deixar “tocar’’ pelo fio vermelho do tema Autismos. Novos tempos, novos conceitos contra velhos preconceitos.

Os tempos atuais, que denomino “pastoriais”, têm trazido para o debate as retomadas que buscam o conservadorismo nas práticas e nas ciências. Estamos em tempos de enfrentamento dos que acreditam que os hospitais, as internações, as clínicas especializadas são as únicas formas de tecnologias do cuidado e atenção para com os autistas, assim como para com outros que possam estar nesses campos de intervenção médico-reabilitadora.

Aprendi há muitos anos atrás como é provocador de emoções o contato, o convívio e a vivência de um sujeito com autismo. Experimentem os que apenas nos viram os filmes ou leram acerca dessa proximidade tão contagiante...

Portanto, mesmo que em mim persista o conhecimento científico e os muitos anos que foram dedicados à Medicina, ainda devo tentar ir além da visão que reduz os autismos e aos seus diversos sujeitos à condição de uma síndrome. Tenho o dever ético e bioético de buscar essa nova compreensão e diálogo com o movimento de defesa dos direitos das pessoas com autismo.

O seu “orgulho” nos fará ir mais uma vez em direção aos Estudos sobre Deficiências, e na minha humilde visão ir além do que os nossos conhecimentos padronizados que nos afirmam e garantem. Um sujeito com autismo não é apenas peça da ficção dos diversos filmes já realizados sobre o tema. Uma pessoa com autismo é também um UNIVERSO que no DIVERSO afirma que nossos fios continuam emaranhados.

E hoje é apenas um dos muitos dias que teremos de alinhavar com fios azuis novos laços sociais em prol da sua singularização, autonomia, diversidade e, mais ainda, dos seus direitos humanos e sua inclusão em todos os espaços, como as escolas regulares, e outros bens sociais.

 E o laço azul se entrelaçará, definitiva e vivamente, com o nosso fio vermelho...

Copyright/left – jorgemarciopereiradeandrade 2013-2014 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

FONTES E INDICAÇÕES PARA LEITURA NA INTERNET-

O sujeito cerebral e o movimento da neurodiversidade  Francisco Ortega http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132008000200008

Neuro diversity

Neurociências: na trilha de uma abordagem interdisciplinar
INDICAÇÕES PARA LEITURA E CRÍTICA –

Deficiência, Direitos Humanos e Justiça – Debora Diniz, Lívia Barbosa & Wenderson Rufino dos Santos – SUR - http://www.surjournal.org/conteudos/getArtigo11.php?artigo=11,artigo_03.htm

Caponi S, Verdi M, Brzozowski FS, Hellmann F, organizadores. Medicalização da Vida: Ética, Saúde Pública e Indústria Farmacêutica. 1ª Edição. Palhoça: Editora Unisul; 2010.

PARA VISITAR, NAVEGAR, ASSISTIR E REFLETIR

TEMPLE SITE OFICIAL GRANDIN - http://templegrandin.com/

Baixar - TEMPLE GRANDIN - DVDRIP - RMVB LEGENDADO http://www.omelhordatelona.biz/genero/drama/1002-temple-grandin.html

Autism in the movies – Autismo nos filmes - http://www.imdb.com/list/0sigYQ1Icp0/

TOUCH – TV Fox – Série http://www.canalfox.com.br/br/series/touch/

Autismo: O Caso Impressionante De Carly Fleischmann http://www.vocesabia.net/saude/autismo-o-caso-impressionante-de-carly-fleischmann/

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ASSOCIADAS À CONDUTAS TÍPICAS

O conteúdo abaixo está relacionado à área da psicopedagogia, porém dentro do público alvo do AEE na sala de recursos multifuncionais podemos encontrar alunos que apresentem, além de uma deficiência, as dificuldades de aprendizagem associadas. Vejam abaixo informações sobre as dificuldades de aprendizagem:


  DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ASSOCIADAS À CONDUTAS TÍPICAS


DISLALIA
Conceito
Características
Formas de intervenção

Distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro, ou ainda, distorcendo-os. A falha na emissão das palavras pode também ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim, os sintomas da dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. Quando não há alteração física, denomina-se dislalia funcional.
Até os quatro anos, as falhas de pronúncia são normais, porém depois, se as dificuldades persistem, cabe uma avaliação. São exemplos de dislalia funcional os seguintes peronagens das histórias em quadrinhos Cebolinha e Hortelino Troca-letras.
A palavra do dislálico é fluida, embora possa ser até ininteligível. O desenvolvimento da linguagem pode ser normal ou levemente atrasado. Não se observam transtornos no movimento dos músculos que intervêm na articulação e emissão da palavra. Apresenta:
– distorções, sons muito próximos mas diferentes do real; troca alguns sons por outros: "balata" = "barata";
– omissões, ato em que se deixa de pronunciar algum fonema da palavra; não pronuncia sons: "omei" = "tomei";
– transposições na ordem de apresentação dos fonemas; troca “máquina” por “mánica”;
– acréscimos de sons: introduz mais um som: "Atelântico" = "Atlântico".
A troca que a criança faz na fala, geralmente afetará a escrita.
– Solicitar uma avaliação fonoaudiológica antes de iniciar a alfabetização, além de exames auditivos e oftalmológicos periodicamente (anual);
– Evitar que a criança seja exposta frente ao grupo, expressando-se verbalmente;
– Trabalhar com a classe o respeito às diferenças;
– Evitar criar constrangimentos em sala de aula ou chamar a atenção para a falha de pronúncia;
– Repetir somente a palavra correta para que a criança não fixe a forma errada que acabou de pronunciar;
– Promover estimulação da percepção auditiva para que o aluno possa identificar e corrigir sua emissão de fonemas, sílabas, palavras e frases;
– Articular bem as palavras, fazendo com que as crianças percebam claramente todos os fonemas;
– Oferecer a oportunidade de a criança expressar seu pensamento por meio de provas orais e escritas, a fim de favorecer a aprendizagem das duas modalidades;
– Nas avaliações por escrito, não descontar as falhas de grafia, quando forem provenientes de sua dificuldade de pronúncia das palavras.
DISLEXIA
Conceito
Características
Formas de intervenção

Dislexia é uma disfunção neurológica que apresenta como conseqüência dificuldades na leitura, escrita e soletração. Afeta a aprendizagem da decodificação do sistema verbal escrito, e é classificada entre as patologias de linguagem, observada mais especificamente na linguagem escrita.
As dificuldades dos disléxicos começam com a palavra falada e tipicamente interferem na leitura e/ou na escrita quando a criança ingressa na escola.
– Apresenta atraso ao aprender a falar (dado a partir de entrevista com a família);
– Apresenta dificuldade para organizar fatos ou idéias em seqüência lógica e em realizar cópias;
– Tem vocabulário pequeno e empobrecido;
– Confunde palavras com tons similares ou com sutis diferenças e tem dificuldade para fazer rimas e aliterações (sons iguais no início das palavras);
– Confunde os numerais por apresentar dificuldade na percepção visual;
– Confunde sinais de adição e multiplicação, placas e sinais indicativos;
– Apresenta dificuldade com a memória de curto prazo (recados, instruções etc.) e com a organização, apresentando desatenção e dispersão;
– Utiliza-se da linguagem corporal para transmitir mensagens;
– Apresenta troca de letras na escrita, demonstrando dificuldades para associar letras aos sons e discriminar sons nas palavras, fazendo omissões, adições e/ou aglutinações de letras e/ou palavras;
– Possui fraca compreensão do que lê;
– Evita a leitura e a escrita;
– Apresenta dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas;
– Pode ter problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou ser o “palhaço” da turma;
– Muitas vezes, encontra-se em desorganização geral: constantes atrasos na entrega de trabalhos e perda de materiais escolares;
– Tem dificuldade com a percepção espacial: pode apresentar confusão entre direita e esquerda;
– Demonstra insegurança e baixa auto-estima;
– Tem dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;
– Tem dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica, dança etc.);
– Tem dificuldade em memorizar seqüências como meses do ano, alfabeto, tabuada etc.;
– Tem dificuldade em matemática e desenho geométrico.
– Apresentar as situações a que os alunos serão expostos para que compreendam antecipadamente as regras, pois isso evita provocar o medo e a ansiedade;
– Falar pausadamente e de forma clara;
– Segmentar as atividades em etapas claras, para facilitar a organização de sua execução;
– Oferecer tempo extra / diferenciado para realização das atividades propostas;
– Propiciar estratégias diversificadas para abordagens na leitura e na escrita;
– Incentivar o aluno a resgatar sua autoconfiança, valorizando o que ele gosta e faz bem feito;
– Valorizar o esforço e o interesse do aluno;
– Ressaltar os acertos, ainda que pequenos, sem enfatizar as falhas, embora corrigindo-as;
– Atribuir tarefas que possam fazer o aluno sentir-se útil;
– Evitar usar a expressão “tente se esforçar” ou outras semelhantes, pois o que ele faz é o que ele é capaz de fazer no momento;
– Conversar com o aluno, francamente, sobre suas dificuldades, sem fazê-lo sentir-se incapaz, mas auxiliando-o a superá-las;
– Respeitar o ritmo do aluno, pois a dificuldade de linguagem ocasiona problemas de processamento de informação, seja em texto oral ou escrito; portanto o aluno precisa de mais tempo para pensar para dar sentido ao que leu, ouviu ou simplesmente viu;
– Interessar-se pela pessoa do aluno (família, atividades, preferências) promove sua auto-estima;
– Monitorar as atividades do aluno (tarefas de casa e de aula), para certificar-se de que foram compreendidas e anotadas corretamente;
– Certificar-se de que o aluno compreendeu o enunciado de questão de prova; caso contrário, leia para ele. Se isso não for possível, encaminhe-o para a Orientação Educacional para fazer a avaliação fora de sala;
– Estimule a expressão oral do aluno;
– Dar instruções de forma breve e direta, evitando confusões de sentido para esse aluno;
– Orientar o aluno sobre como pode estudar a disciplina, considerando suas dificuldades;
– Orientar formas de organização do tempo e do espaço (uso da carteira, do caderno etc.);
– Evitar as listas de exercícios repetitivos e numerosos para o aluno, pois isso não diminui sua dificuldade;
– Utilizar o computador, desde que o programa seja adequado ao nível do aluno;
– Posicionar-se próximo ao aluno para fazer explicações;
– Esquematizar o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil para o aluno;
– Fazer demonstrações e apresentar filmes auxiliam na integração da modalidade auditiva e visual, contribuindo para a organização da informação para o aluno;
– Evite insistir para que o aluno leia em voz alta para a turma, pois ele tem consciência de sua dificuldade;
– Propor leituras de textos mais simples para esse aluno, a fim de que, se quiser, possa apresentar leitura oral à turma;
– Oferecer-se para esclarecer o aluno sobre eventuais dúvidas que possa ter nos momentos de prova, pois os disléxicos não podem aprender do jeito que ensinamos; temos de ensinar do jeito que eles aprendem;
– Ao corrigir avaliações do aluno, confirme com ele o que quis dizer nas respostas com o que realmente escreveu na prova, anotando a lápis, na lateral da avaliação, as respostas que precisarem de complementação;
– Não permitir que outros colegas corrijam, recolham e distribuam o trabalho dele;
– Não pedir que o disléxico responda a perguntas sem que ele tenha levantado a mão, solicitando a vez para fazê-lo;
– Dividir atividades de leitura em períodos para que haja intervalos entre eles;
– Usar materiais concretos para atividades matemáticas, sempre que possível;
– Corrija as tarefas avaliando o conteúdo e não só a forma (problemas de grafia);
– Sugira o uso de computador para procurar o significado de palavras, não o dicionário, no caso do disléxico;
– Permitir que o aluno disléxico faça menos atividades que os demais, porém exigir que ele próprio corrija suas tarefas; gradualmente, aumentar a quantidade de trabalho copiado;
– Permita que a criança disléxica apenas responda as questões propostas sem precisar copiar os enunciados;
– Não reduzir o tamanho das letras de uma atividade digitada para o disléxico;
– Seja um escriba para o disléxico, enquanto ele verbaliza suas idéias, ou lê trechos de um material;
– Permita que ele use o computador sempre que possível;
– Em atividades de equipe, o disléxico pode participar de grupos de discussão, contribuir para tomadas de decisão, ilustrar as atividades e fazer apresentação oral, porém deve ser poupado da redação final do trabalho;
– Anunciar as tarefas de casa oralmente e por escrito no quadro-de-giz;
– Designar um colega para ser o “Companheiro de Tarefas de casa” da semana, para que todos possam ligar quando tiverem dúvidas sobre qual a tarefa de casa determinada;
– Autorizar o uso da máquina de calcular para o disléxico durante as aulas de matemática;
– Fornecer opções de resposta para o disléxico quando precisar solicitar sua participação oral em aula;
– Pedir que a criança repita a ordem que recebeu, por mais curta que seja; vá aumentando a dificuldade do comando gradualmente.
– Faça exercícios de revisão oral antes de testes;
– O disléxico necessita que leiam as questões para ele e as expliquem mais de uma vez. Também pode ser feita a defesa oral de questões, pois ele se sai melhor oralmente;
– Dar oportunidade para que o disléxico faça suas avaliações em ambientes com poucas distrações e com atendimento individualizado;
– Não apresentar testes manuscritos ou muito longos;
– Não descontar erros ortográficos em avaliações de um disléxico.

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE (TDAH)
Conceito
Características
Formas de intervenção

TDAH é um transtorno neurobiológico, de origem genética que aparece na infância e, freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a vida, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. É o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ocorre em 3% a 5% de crianças no mundo.
Importante: Para se considerar uma criança hiperativa, é necessário que ela apresente no mínimo seis das características ao lado.
– Apresenta dificuldades de aprendizagem na escola e de relacionamento com crianças, pais e professores, que a consideram rude, insensível;
– Movimenta pés e mãos nervosamente; é inquieta;
– Remexe-se na cadeira; é agitada;
– Tem atenção dispersa (considerada avoada, vivendo no mundo da lua, estabanada, com bicho carpinteiro ou ligada por um motor);
– Tem a tendência de andar de um lado para outro excessivamente em situações impróprias;
– Na fase pré-escolar, mexem em tudo;
– Tem dificuldade para esperar a vez para falar ou jogar;
– Intromete-se em conversas ou jogos alheios;
– Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas;
– Pode apresentar dificuldades com regras e limites;
– Tem dificuldades de memorização por causa da desatenção;
– Tem dificuldade para avaliar seu próprio comportamento e perceber o quanto isso afeta os demais a sua volta;
– É considerado egoísta;
– Tende a surgirem outros problemas associados: depressão e ansiedade;
– Verbaliza o que lhe vem à mente sem considerar o efeito de suas palavras;
– Fala muito e pede constantemente para sair de sala;
– Não lê a pergunta até o final e já responde;
– Tem dificuldade para se organizar e planejar aquilo que quer ou precisa fazer;
– Seu desempenho sempre parece inferior para a sua capacidade intelectual;
– A rejeção escolar junto ao baixo desempenho acaba por rebaixar sua auto-estima, prejudicando ainda mais seu quadro;
– Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
– Reluta em envolver-se em tarefas escolares ou atividades;
– Distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes;
– Perde coisas freqüentemente e esquece tarefas diárias;
– Dar maior tempo para realizar alguma atividade;
– Fornecer informações melhores e mais detalhadas para que as domine;
– Ensinar-lhe bons hábitos de estudo;
– Ensinar-lhe estratégias de memorização (rimas, truques mnemônicos e de visualização);
– Utilizar textos curtos;
– Manter poucos estímulos na sala;
– Escrever enquanto fala, utilizando cores diferentes;
– Colocar o aluno longe de janelas e portas onde poderá distrair-se com facilidade;
– Reforçar regras;
– Manter os pais informados sobre o comportamento do aluno;
– Dar dicas aos pais sobre as atividades a serem feitas em casa, reforçando os conteúdos ministrados em sala;
– Colocar a criança com TDAH perto da mesa do professor;
– Orientar o aluno a colocar seu material escolar no mesmo lugar;
– Orientar os pais para que a mochila do aluno tenha pouco material, basta o necessário, evitando que se distraia com objetos durante a aula;
– Estimular a memória visual por meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas;
– Não exigir que a criança faça exercícios repetidos, pois isso de nada adiantará (copiar várias vezes a mesma palavra, por exemplo);
– Promover atividades de interesse da criança (com música, teatro, filmes etc.) e que a estimulem, pois quando isso ocorre, ela se dedica e consegue permanecer mais tranqüila; isso ocorre porque os centros de prazer no cérebro são ativados, dando um reforço no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais;
– Oportunizar atividades que permitam alguma movimentação em sala.
– Distribuir as atividades em etapas mais curtas com intervalos entre elas, para que o aluno com TDAH consiga manter a atenção;
– Ensinar estratégias de organização do trabalho à criança como: listas para consulta, cronogramas de trabalho e agenda de atividades;
– Exigir responsabilidades do aluno, conferindo-lhe compromissos e obrigações claras e com datas;
– Promover a reflexão do aluno para que identifique seus erros e reflita sobre eles;
– Desenvolver hábitos de atenção, de estudo e de organização, visando à redução da impulsividade;
– Estabelecer rotinas diárias claras e consistentes;
– Ao perceber que o aluno com TDAH está muito inquieto, distraído, dar-lhe alguma atividade que lhe permita sair de sala (dar um recado, ir buscar material) ou se movimentar (distribuir algum material, apagar o quadro);
– Elogiar, reforçar pequenos progressos, habilidades, conquistas e momentos de bom comportamento do aluno;
– A aula deve ser organizada e ter regras claras, explicadas previamente, estar por escrito em mural;
– Solicitar ao aluno com TDAH que explique alguma regra de sala de aula;
– Conversar com o aluno com TDAH, procurando descobrir qual é o melhor jeito de ele aprender e como o professor poderia fazer para ajudá-lo;
– É fundamental avaliar o processo do aluno, seu trabalho e esforço, não só o resultado, o produto final;
– O professor pode solicitar o auxílio de colegas do aluno com TDAH na organização dos trabalhos e de materiais ou mesmo da distribuição do tempo para a realização das atividades;
– Pode-se permitir que um aluno com TDAH tenha mais tempo para realizar as atividades ou faça menos tarefas que os outros. Porém, é preciso que isso não signifique dar privilégios, mas respeitar as diferenças;
– Caso o aluno com TDAH acabe a atividade antes que os demais, o professor precisa avaliar a qualidade do que foi feito;

DISORTOGRAFIA
Conceito
Características
Formas de intervenção

Tipo de dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem, caracterizada por um transtorno de escrita, incluindo inversões, aglutinações, contaminações, alterações internas da palavra e como conseqüência, desordem na estrutura da frase. Reflete um processo cognitivo de linguagem defeituoso e não se refere à falta de correção motora. Para muitos pesquisadores, a disortografia é apresentada como uma seqüela da dislexia, no entanto, não é considerada uma doença, mas de uma dificuldade que pode ser contornada com acompanhamento adequado e direcionado às condições de cada caso. Pode ser ocasionada, dentre outras causas, por uma aprendizagem incorreta de leitura e escrita, especialmente na fase de aquisição da escrita (alfabetização), ou posteriormente, numa aprendizagem deficitária dos conhecimentos gramaticais de base.
– Troca de grafemas (em geral, aqueles que representam fonemas homorgânicos, que revelam problemas de discriminação auditiva – t/d, f/v, p/b, ch/j etc.).
– A troca de fonemas na fala tende a ser reproduzida na escrita;
– Falta de desejo de escrever;
– Dificuldade para perceber a s sinalizações gráficas
(parágrafos, travessão, pontuação e acentuação);
– Dificuldades para produzir orações mais longas, sejam coordenadas ou subordinadas;
– Produz textos muito reduzidos, por temer os erros de grafia;
– Faz aglutinações ou separações indevidas das palavras;
– Confunde sílabas como: encontraram / encontrarão.
– Realiza constantes adições de sílabas; exemplo: ventitilador;
– Faz omissões, exemplo: cadera, pato (por prato);
– Faz inversões, exemplo: picopa (por pipoca);
– Faz contaminações de palavras, exemplo: Deveizenquando, no diaseguinte, sairei maistarde.
– Estimular a memória visual por meio de quadros com letras do alfabeto, números e famílias silábicas nos casos das séries iniciais;
– Estimular a memória visual por meio de quadros, tabelas e cartazes com listas de palavras e regras;
– Não exigir que a criança escreva repetidamente a mesma palavra, pois isso não contribui para a sua aprendizagem; ao contrário, cansa-a;
– Evitar expô-la de todas as formas quanto à escrita (no quadro, em equipes, na exposição de trabalhos etc.);
– Criar bancos de palavras para que ela consulte a escrita daquelas que são mais usadas ou que apresentam mais dúvida;
– Utilizar as orientações propostas para o disléxico.

DISCALCULIA
Conceito
Características
Formas de intervenção

A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que causa a dificuldade na matemática. Esse transtorno não é causado por deficiência mental nem por déficits visuais ou auditivos ou por má escolarização. Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:
– Discalculia Verbal: dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;
– Discalculia Practognóstica: dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente;
– Discalculia Léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos; – Discalculia Gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
– Discalculia Ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
– Discalculia Operacional: dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.
O discalcúlico tem dificuldade para:
– visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
– conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas;
– seqüenciar números: o que vem antes do 11 e depois do 15 - antecessor e sucessor;
– classificar números;
– compreender os sinais +, - , ÷, ×;
– montar operações;
– entender os princípios de medida;
– lembrar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas;
– estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras;
– contar, utilizando os cardinais e ordinais;
– de memorização de trabalho, de tarefas não-verbais e de contagem;
– na soletração do não-verbal;
– nas habilidades viso-espaciais, psicomotoras e perceptivo-táteis.
Evitar:
– ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais;
– demonstrar impaciência com a dificuldade expressada;
– interromper o aluno várias vezes quando estiver falando, ou tentar adivinhar o que ela pretende dizer, completando sua fala;
– corrigir o aluno freqüentemente diante da turma para não o expor;
– forçar o aluno a fazer a atividade quando estiver nervosopor não ter conseguido;
– corrigir lições com canetas vermelhas ou a lápis.
– Explique-lhe suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo;
– Proponha jogos e atividades lúdicas;
– Contextualizar os conteúdos, apresentando situações do cotidiano da criança nos problemas;
– Dar oportunidades para que as provas sejam realizadas com atendimento individual, pois é direito da criança discalcúlica;
– Autorizar o uso de calculadora e tabuada durante as avaliações de Matemática.

REFERÊNCIAS

A bidirecionalidade do processo de ensino e aprendizagem. Coordenação geral: SEESP/ MEC; organização Maria Salete Fáibio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.
Sternberg, R. J. Crianças rotuladas: o que os pais e professores precisam saber sobre as dificuldades de aprendizagem. Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.
Vivenciando as diferenças: um novo olhar. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, Secretaria Municipal da Educação, Departamento de Tecnologia e Difusão Educacional, SEP, 2006.

fonte: http://educarnadiversidadee.blogspot.com.br/2013/04/tabela-de-dificuldades-de-aprendizagem.html