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A Sala de Recursos Multifuncionais do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA Ana Vieira Pinheiro é um espaço onde o AEE- Atendimento Educacional Especializado acontece considerando as necessidades específicas do aluno para complementar e/ou suplementar a sua formação, identificando, elaborando e organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que favorecem a inclusão e eliminam as barreiras para a plena participação dos alunos com deficiência, fortalecendo sua autonomia na escola e fora dela.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Uma Mãe Especial: Sem razão de ser...

Uma Mãe Especial: Sem razão de ser...: Há dias na vida da gente em que tudo parece diferente. Algo que muda e tudo sai da rotina. São momentos carregados de emoções... Alguns de ...

Antônia Yamashita - A trajetória de uma mãe especial

Estamos ás vésperas do Dia das Mães, então pensei em todas as mães "especiais", anonimas, desconhecidas, de lugares distantes, lutadoras, defensoras de seus filhos,  e escolhi a história de Antonia Yamashita para homenagea-las. Vejam no video abaixo um fragmento do enorme mistério que envolve o AMOR MATERNO.






O livro "A trajetoria de uma mãe especial"  de Antonia Yamashita é uma ótima leitura, indico!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Autistas e Mercado de Trabalho

Como o maior conhecimento sobre o transtorno, terapias adequadas e diagnóstico precoce têm permitido às pessoas com autismo trabalhar

Rachel Costa

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CONQUISTA
Fernanda Raquel desenvolveu a habilidade de desenhar para se comunicar.
Hoje trabalha como ilustradora
Um cenário impensável no passado. Na empresa dinamarquesa de testagem de softwares Specialisterne, 80 dos 100 funcionários têm autismo. Uma das pioneiras na contratação de mão de obra autista, ela é um exemplo do grande avanço ocorrido nos últimos anos no universo das pessoas que convivem com esse transtorno. Com a melhor compreensão sobre a síndrome, os autistas têm deixado a clausura do espaço privado e ganhado o espaço público. “O autismo é um conjunto muito heterogêneo de condições que têm como ponto de contato os prejuízos nas áreas da comunicação, comportamento e interação social”, explica o neurologista Salomão Schwartzman. Se durante muito tempo se falou apenas dessas dificuldades, atualmente começam a ser discutidas as habilidades associadas e como isso pode ser aproveitado em diferentes profissões. Tanto que já há uma primeira geração a chegar ao mercado de trabalho. “Eles têm boa memória, uma mente muito bem estruturada, paixão por detalhes, bom faro para encontrar erros e perseverança para realizar atividades repetitivas”, disse à ISTOÉ o fundador da Specialisterne, Thorkil Sonne.

Sonne resolveu investir no filão após o nascimento do filho autista Lars, hoje com 14 anos. A aposta deu tão certo que a empresa abriu unidades na Islândia, Escócia e Suíça e tem servido de inspiração para outras iniciativas. O empresário calcula entre 15 e 20 os projetos inspirados na matriz dinamarquesa em todo o mundo. Um deles é a Aspiritech, nos Estados Unidos, que, desde o ano passado, funciona com 11 engenheiros autistas trabalhando no teste de softwares. “Desde a década de 80, pesquisas mostram que essas pessoas têm uma capacidade muito maior de perceber pequenos detalhes visuais”, falou à ISTOÉ Marc Lazar, da Aspiritech. “Em testes para medir essa habilidade, eles cumprem o desafio em 60% do tempo gasto pelos demais e com grande acurácia.”

Para se chegar à observação dessas qualidades foi preciso superar um erro de interpretação. “Por muito tempo, o autismo foi encarado como uma deficiência intelectual”, diz Adriana Kuperstein, diretora da Re-fazendo, assessoria educacional especial de Porto Alegre. O que se percebeu posteriormente é que em apenas alguns casos há a associação com deficiências intelectuais. Muitos autistas têm o intelecto preservado, vários com inteligência superior à média, mas não conseguem interagir porque não sabem usar os canais normais de comunicação.
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CONFIANÇA
O dinamarquês Thorkil Sonne tem uma empresa que explora as habilidades dos autistas
“É como um computador sem os softwares necessários para realizar determinada tarefa”, compara a psicóloga Alessandra Aronovich Vinic, que pesquisa autismo. Em seu consultório, ela aplica o método do treino das habilidades sociais. Seus pacientes aprendem, por exemplo, a reconhecer as feições relacionadas a sentimentos, como tristeza e alegria, ou a fixar o olhar no outro enquanto conversam. Pode parecer prosaico, mas faz toda a diferença para quem tem autismo. “As pessoas se comunicam visualmente o tempo todo”, fala Júlia Balducci de Oliveira, 23 anos. Para a jovem, não conseguir olhar nos olhos era uma fonte de angústia só superada com terapia. Formada em cinema, hoje Júlia trabalha na direção de um documentário sobre o autismo.

Atualmente se sabe que quadros mais discretos também se incluem no chamado espectro autista, com boas possibilidades de tratamento. “Mas há 30 anos somente pacientes muito graves eram diagnosticados”, explica Ricardo Halpern, da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Eles eram internados, sedados e alijados do convívio social.” A delimitação desse grupo maior de pessoas aprimorou os métodos de tratamento. “As intervenções começaram a ser feitas mais precocemente, gerando maior inserção social”, disse à ISTOÉ o brasileiro Carlos Gadia, professor do departamento de neurologia da Universidade de Miami e diretor-médico da ONG Autismo&Realidade. Os principais beneficiados foram os pacientes de quadros mais leves.

Foi o caso da jovem Fernanda Raquel Nascimento, 18 anos. A terapia ajudou a jovem a vencer os obstáculos que encontrava para interagir. Também progressivamente ela transformou em profissão o que era uma de suas formas de comunicação, o desenho. Hoje ela comemora seus primeiros trabalhos de ilustração para a Livraria Saraiva, em São Paulo. “Com o dinheiro, quero cursar faculdade”, diz. A jovem ainda trabalha em casa, mas o objetivo é que passe a dar expediente no escritório. “Ela realiza um trabalho de alta qualidade e com um ótimo atendimento da demanda”, fala Jorge Saraiva, proprietário da rede de livrarias. Depois do contato com Fernanda, a empresa iniciou um plano para a contratação de pessoas com diferentes tipos de transtorno, entre eles, o autismo. Que se torne um cenário comum.
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Fonte: http://ciaag.blogspot.com/2011/11/autistas-chegam-ao-mercado-de-trabalho.html?spref=bl

O dom do autismo


"Enquanto falo com você, você olha nos meus olhos. Minhas palavras penetram nos seus ouvidos, são levadas ao seu cérebro e lá são filtradas por tudo que você conhece ou sabe ou lhe foi passado como verdadeiro durante todo seu aprendizado. Enquanto você me ouve, eu fico olhando nos seus olhos. A expressão contida neles, ou em torno, me dizem se você acreditou no que lhe disse, se sinceramente acha que lhe contei a verdade.
Desse feedback biológico eu tiro as próximas palavras, baseadas no princípio de que eu realmente necessito que você acredite em mim. É o processo mágico da comunicação, base concreta do aprendizado social.
Bem, e se você não possuísse tais filros? E se você fosse simplesmente intuitivo, como se adivinhasse a verdade pura e nua no simples fluir das palavras? E se você, enquantor falo, sequer olhasse meus olhos? Como é que eu poderia aferir se a comunicação estaria sendo eficaz, se você realmente estaria entendendo o que o que eu falo? Se você não fixa os seus olhos nos meus, como é que eu continuo? Afinal, você está me ouvindo ou não?
Poderíamos reformular, mais ou menos desta maneira:
Enquanto eu falo com você, você olha nos meus lábios. Minhas palavras penetram nos seus ouvidos, são levadas até seu cérebro e, lá, não são filtradas, pelos singelo fato de que você não tem filtros. De tudo o que lhe foi passado, você guardou apenas e tão somente o que era verdadeiro. Enquanto você me ouve, fico olhando seu olhos, mas não consigo penetrá-los. Não preciso prescrutar suas expressões para saber se você acreditou nas palavras que lhe disse. Você sempre sabe quando estou sendo sincero, porque não ouve com os sentidos, mas com as sensações. Não conseguiria mentir para você, porque não se mente para um anjo. E você é um puro anjo de barro." 
 
Texto de Manuel Vázqez Gil postado em seu blog O dom do Autismo